quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Maria do Rosário Gama escreve sobre a avaliação do simplex
Apesar do Ministério afirmar que foram ouvidos todos os intervenientes e parceiros do sistema educativo, identificou alguns problemas mas não identificou, ou não quis reconhecer, o principal problema: Este modelo de avaliação carece de racionalidade pedagógico-didáctica ! O pedido da suspensão do modelo foi feito pelos 120 000 professores no dia 8 de Novembro (já o havia sido feito em 8 de Março), exprimiu-se nas diferentes reuniões do Ministério com os Conselhos Executivos, foi feito por algumas associações de Pais a que se junta agora a CONFAP (“não se pode suspender algo que já está parado!”) foi feito por toda a oposição, pelo Conselho das Escolas, pelo Sindicato dos Inspectores da Educação. Afinal, a auscultação pela equipa ministerial serviu para dizer que nenhum dos que pedem a suspensão estão certos e, “lavando as mãos”, gritam com a voz de “um deus ex-máquina”: vamos simplificar o modelo.
Deste modo, a opinião pública afirmará: a Ministra cede, os professores não! Isto é absolutamente falacioso e passamos a explicar porquê:Embora as diferentes medidas, isoladamente sejam razoáveis e susceptíveis de serem aceites pela opinião pública como um avanço no sentido de resolver o impasse, de facto, A SIMPLIFICAÇÃO NÃO O RESOLVE.
1º medida do simplex : Garantir que os professores, sempre que o requeiram, possam ser avaliados por avaliadores da mesma área disciplinar
Vejamos um caso concreto na Escola Secundária Infanta D. Maria: a coordenadora do Departamento de Ciências Sociais e Humanas é do grupo disciplinar de Geografia; delegou competências numa professora titular de Economia e numa professora titular de Filosofia para avaliarem os respectivos professores do grupo de recrutamento. A coordenadora de Departamento, de acordo com o inicialmente previsto teria a cargo a avaliação dos colegas de Geografia (3) dos colegas História (5) e ainda as duas colegas em quem delegou competências (10 no total). Com a simplificação do modelo e a possibilidade de os avaliados poderem ter avaliadores da mesma área disciplinar (grupo de recrutamento), os cinco professores de História podem fazer essa exigência. Não havendo nenhum professor titular em quem delegar competências, um professor de História, não contratado, poderá ser nomeado titular em comissão de serviço e avaliar os seus colegas.
De acordo com a medida nº 7 do “simplex” há que Clarificar o regime de avaliação dos avaliadores. Assim, a Coordenadora do Departamento de Ciências Sociais e Humanas, as duas titulares em quem delegou competências e a professora de História, avaliadora não titular (titular em comissão de serviço), passarão a ser avaliadas apenas pelo Conselho Executivo. A Coordenadora do Departamento de Ciências Sociais e Humanas passará assim a avaliar só as três colegas de Geografia e alguma de História que “prefira” a sua avaliação (!!!)
No que se refere às quotas máximas, as 4 Coordenadoras de Departamento poderão aceder a um Excelente, um Muito Bom e dois Bons; as avaliadoras titulares e os professores avaliadores não titulares (titulares em comissão de serviço), em quem foram delegadas competências, terão como percentagem máxima de quotas, 5% de Excelentes e 20% de Muito Bons. A professora (de História, por exemplo) não titular, mas avaliadora, irá concorrer a vagas de titular tal como os restantes professores que ela poderá avaliar. Como para aceder a estas vagas a classificação é um factor importante, pelo menos para desempate, a professora avaliadora titular em comissão de serviço, irá avaliar com interesse em causa própria.
Os professores avaliados só poderão candidatar-se a Excelente ou Muito Bom se tiverem aulas assistidas pela avaliadora, enquanto que esta não necessita dessa condição para se candidatar a Excelente ou Muito Bom.Esta situação repete-se noutros departamentos, por exemplo, no Departamento de Línguas, só existe um professor de Espanhol: se ele quiser ser avaliado por um da sua disciplina tem que se ir procurar noutra Escola da cidade um avaliador. E se cada professor de Espanhol quiser ser avaliado por um professor de Espanhol, avaliam-se uns aos outros?
Se as divisões, conflitos e tensões já existiam, pioram ainda mais e o sistema em vez de simplificar, complica.
2ª medida do “simplex” - Não considerar o parâmetro referente ao progresso dos resultados escolares e à redução das taxas de abandono escolar.
Esta era uma medida reclamada pelos professores que, levava a que cada professor, no início do ano, tivesse que “prever” os resultados finais dos seus alunos tendo em conta o ponto de partida. Assim, traçaria os seus objectivos considerando o progresso nas aprendizagens, a evolução da classificação da sua disciplina face às restantes disciplinas, face às classificações da mesma disciplina/ano e ainda face à avaliação externa (neste caso só para as disciplinas com exame). No final do ano, não se poderia afastar dos objectivos traçados, pois isso conduziria a penalização do professor. Resolvia-se facilmente de uma forma administrativa….
3ª medida do “simplex” - Promover a simplificação dos instrumentos de avaliação
Não havia alternativa senão simplificar: Para preencher, por exemplo, a ficha de avaliação do Conselho Executivo respeitante a cada um dos professores da Escola, os instrumentos de registo tinham 95 descritores se fossem considerados todos os parâmetros, subparâmetros e itens. Note-se que nestas fichas havia 5 parâmetros, 13 subparâmetros e 23 itens. Exceptuando o subparâmetro A1, para cada um dos restantes itens houve que encontrar descritores a fim de, em cada um deles, classificar cada professor de acordo com os valores propostos pela tutela: 10, 8, 7, 6 ou 3.
É de referir que, para além da ficha do Conselho Executivo, foi necessário elaborar instrumentos de registo que permitissem preencher outras cinco (!!!) fichas tão complexas como esta!!!Neste momento, com o final do 1º período, torna-se impraticável voltar de novo a rever fichas e a encontrar novos descritores.
Esta medida denota o afastamento da realidade das Escolas, por parte do legislador, quando propõe fichas como aquelas que levaram horas e horas de trabalho sem possibilidade de, na prática, virem a ser aplicadas e portanto é o reconhecimento (não assumido publicamente) da parte da tutela da inexequibilidade deste processo.
4ª medida do “simplex” - Dispensar, em caso de acordo, a realização de reuniões entre avaliador e avaliado
Estas reuniões poderiam contribuir para a parte formativa da avaliação, se de facto este fosse um processo formativo.
5ª medida do “simplex” - Tornar voluntária a avaliação da componente científico-pedagógica
Esta componente constitui requisito necessário à obtenção das classificações de “Muito Bom” e “Excelente”; retirá-la, significa reconhecer que o que é importante para esta equipa ministerial é a componente organizacional e não a verdadeira essência do que é ser Professor, ou seja, a sua preparação cientifico-pedagógica e a relação com os alunos. Para um professor ser BOM basta ser assíduo, participar na vida da Escola, participar em acções de formação contínua e ter boa relação com a comunidade!!!
Se a finalidade deste modelo de avaliação é melhorar o ensino-aprendizagem, esta medida contradita de forma clara essa dimensão.
6ª medida do “simplex” - Reduzir o número mínimo de aulas a observar
A redução de 3 para 2 aulas a observar, não constitui cedência, uma vez que estava prevista a observação mínima de uma aula por período. Como o 1º período já está no fim, é normal que haja redução para duas aulas a observar, uma em cada um dos períodos restantes!
7ª medida do “simplex” - Clarificar o regime de avaliação dos avaliadores
– Já foi referido em conjunto com a 1ª medida.
8ª medida do “simplex” - Alargar as acções de formação contínua consideradas na avaliação
Com a fusão dos centros de formação, chegamos ao final do 1º período sem ofertas formativas e por isso é necessário recorrer a acções de formação, realizadas em anos anteriores, acreditadas e que não tenham sido utilizadas em anteriores avaliações. A proposta do Ministério, ao atribuir a menção de Bom nos casos em que não exista classificação destas acções, remete para algo que já observámos “do outro lado do Atlântico”
…. Serve tudo, desde que no final haja uma nota!!!
9ª medida do “simplex”. - Melhoria das condições de trabalho para os avaliadores
Os avaliadores têm uma sobrecarga de trabalho que justificaria para todos, redução da componente lectiva. Com o horário lectivo sem qualquer redução, como é o caso dos avaliadores em fim de carreira, estes têm o mesmo número de turmas que os restantes colegas e, necessariamente, o mesmo número de provas para realizar, de testes para corrigir, de aulas para preparar. Como se isso não bastasse, ainda são chamados para umas acções de formação, em horário pós-laboral, incluindo sábados durante todo o dia. Esta situação deveria ter sido prevista antes e não nesta altura do ano em que, a única saída para mascarar o problema é a possibilidade de “remunerar, através do pagamento de horas extraordinárias”.
Com a componente lectiva completa, cada vez que um professor avaliador assista às aulas de um colega, os seus alunos terão aulas de substituição, nem sempre garantidas por um professor da mesma disciplina!!!
Finalmente, fica bem claro que esta “avaliação inspirada em modelo chileno” tem como objectivo último atribuir quotas, fundamentais para impedir o acesso de 2/3 dos professores ao topo da carreira. De facto o que o Ministério pretende é uma classificação por quotas absolutamente administrativa e não uma avaliação que cumpra os objectivos consignados no artigo 40.º do Estatuto da Carreira Docente (Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro) dos quais destacamos:
-“Melhorar a qualidade das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos”.
Para haver mérito não são necessárias quotas. A avaliação é formação, evolução, melhoria. Nada disto está presente nem no modelo, nem no “simplex” que o Ministério procura impor às Escolas.
Se o Ministério pretender continuar a defender a política economicista patente no actual modelo de avaliação, então para a progressão na carreira, defina um procedimento concursal, com ou sem quotas, mas acabe com mais uma das muitas injustiças que está a impor, para mais tarde reconhecer o erro e ter que voltar atrás: Acabe com as quotas na avaliação de desempenho, limite-se a definir os critérios do mérito, e que este seja atribuído a quem realmente o mereça.
Maria do Rosário Gama - Professora na Escola Secundária Infanta D. Maria - Coimbra
Publicada por Ramiro em 23:00 43 comentários Hiperligações para esta mensagem
Etiquetas: Avaliação de desempenho
Local: Portugal
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
DIGAM LÁ SE NÃO DEVEMOS TER ORGULHO EM VIVER NESTE PAÍS???? V E R G O N H A. . . . Que autoridade Moral possuem estes cérebros tão iluminados??
Será Possível estarmos entregues a estes Políticos, a esta gente tão pequenina??????
Onde estavam os deputados da oposição na sessão de hoje????
Os professores, com toda a oposição do seu lado a dizer tão mal desta vergonha de políticas educativas e deste modelo de Avaliação, a aguardarem hoje a hora da verdade na Assembleia da República!
E o que foi por lá parido???
UMA VERGONHA!!!! UMA VERGONHA DO TAMANHO DO MUNDO!!!!!
FICO APENAS COM ESTE ORGULHO EM SER PROFESSOR,
UM ORGULHO DO TAMANHO DO MUNDO!!!!!
Notícia completa no Público Última HORA =>Vergonhosa Oposição!!!!
"(...)Mesmo que todos os 121 deputados do PS tivessem estado hoje presentes, como seis deles votaram a favor e um absteve-se, haveria possibilidade de aprovar o projecto do CDS-PP, se os 109 deputados da oposição estivessem igualmente no hemiciclo. O resultado seria, nesse caso, 115 votos a favor da suspensão da avaliação, 114 votos contra e uma abstenção."
Lembrei-me do saudoso Fernando Pessa -"E ESTA, HEM!"
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Para acabar de vez com a Cultura!!!
Quando em Rapa Nui deram conta que necessitavam das árvores que estavam a abater, já a destruição daquela Sociedade estava destinada.
Para construir Mohais cada vez maiores, destruiram a floresta e toda a vegetação necessária para a sua sobrevivência.
Serão as estátuas de pedra o que verdadeiramente importa para o futuro da educação?
Mais um sinal como tantos outros pertencente às grandiosas lições de História.
Aqueles que, supostamente, possuem o poder de mandar, continuam cegamente a dar ordens para construir e fazer erguer os seus Mohais.
A floresta vai ficando cada vez mais reduzida...
domingo, 16 de novembro de 2008
O Eixo do mal
A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca
Clara Ferreira Alves, aterradora...
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo 'normal' e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são 'abafadas', como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma. No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente 'importante' estava envolvida, o que aconteceu? Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente 'importante', jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os 'senhores importantes' que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças , de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
Clara Ferreira Alves - 'Expresso'
___________________________________________A não perder as suas intervenções no programa "O eixo do mal" da Sic Notícias onde, com as devidas desculpas aos outros intervenientes, é "Clara e os outros..."
A edição de hoje, dia 16 de Novembro, das 00.00 à 01.00h foi particularmente marcada pelo debate acerca dos acontecimentos relacionados com o estado lastimável da Educação deste País.
Clara Ferreira Alves para Ministra da Educação JÁ!!!!
...mas se só chega a Ministro quem não tem educação ou criatividade....
NÃO! deixe-se estar Clarinha! Faz muito mais falta a este País tal e qual como está e a fazer aquilo que tão bem sabe.
Muito obrigado e um bem-haja!
J.S.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
É falta de Educação!
Quem não consegue falar, sem falsear e esconder a verdade, sobre qual o principal objectivo a atingir com a aplicação deste modelo de avaliação, sujeita-se a esta estranha chuva de objectos voadores coloridos.
O único e principal objectivo a atingir por estes governantes com este modelo de avaliação não passa nem nunca passou pelos nossos alunos ou pela melhoria da qualidade do ensino que este País lhes pode proporcionar.
O único e principal objectivo a atingir passa apenas e somente pelas primárias questões económicas de poupança cega do tão desassombrado dinheirinho deste triste povo à beira mar plantado...
É que os buracos e as derrapagens orçamentais são tantos e tão inqualificáveis que se vê logo a falta que uma boa educação lhes tem vindo a causar...
Se a Educação de um povo e de um País está somente condicionada por uma cega obediência a uma Política desastrosa com objectivos de mera poupança orçamental,
Estamos conversados!!!
Em Educação as prioridades são outras!
Ao terem demonstrado não entender esta simples e muito prática lição, estes governantes perderam aquilo para onde desejavam caminhar ligeiros e sem sobressaltos!
Fiquem desde já esclarecidos do seguinte!
E já que as vossas prioridades são apenas as lutas intestinas pelos bastidores do Poder, fiquem-se com mais esta pequena lição!
O verdadeiro poder está na EDUCAÇÃO e em ter EDUCAÇÃO! Quem tão mal trata aqueles que a aplicam no terreno, aqueles que a constroem e a alimentam, arriscam-se a ver desaparecer, como espuma das ondas, o pseudo Poderzinho dos Gabinetes Ministeriais que lhes alimentam o pequenino EGO!
OS TEMPOS SÃO OUTROS!!!
COM A EDUCAÇÃO DE UM POVO NÃO SE PODE BRINCAR! NUNCA SE PODE BRINCAR!
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
NÃO, senhora Ministra!
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
O porquinho da Índia foi atropelado...
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
E se um dia houver mais espertos que gente madraça?
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
A Lista continua!! E tu, já estás na Lista?
Agrupamento de Escolas Aristides de Sousa Mendes - Póvoa de Santa Iria
Agrupamento de Escolas Clara de Resende - Porto
Agrupamento de Escolas Conde de Ourém – Ourém
Agrupamento de Escolas Coura e Minho - Caminha
Agrupamento de Escolas D. Carlos I - Resende
Agrupamento de Escolas D. Carlos I - Sintra
Agrupamento de Escolas D. Manuel de Faria e Sousa – Felgueiras
Agrupamento de Escolas D. Martinho C. Branco - Portimão
Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida – Abrantes
Agrupamento de Escolas da Maceira – Leiria
Agrupamento de Escolas de Alvide - Cascais
Agrupamento de Escolas de Aradas - Aveiro
Agrupamento de Escolas de Armação de Pêra - Algarve
Agrupamento de Escolas de Aveiro
Agrupamento de Escolas de Castro Daire
Agrupamento de Escolas de Forte da Casa - Lisboa
Agrupamento de Escolas de Lousada Oeste
Agrupamento de Escolas de Marrazes - Leiria
Agrupamento de Escolas de Ourique - Alentejo
Agrupamento de Escolas de Ovar
Agrupamento de Escolas de S. Julião Da Barra - Oeiras
Agrupamento de Escolas de Vila do Bispo - Algarve
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Santo André - Santiago do Cacém
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas Dra. Maria Alice Gouveia
Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos - Pinhal Novo
Agrupamento de Escolas Nº1-Beja
Agrupamento de Escolas Nuno Álvares Pereira – Camarate
Agrupamento de escolas Pedro de Santarém - Lisboa
Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches – Penamacor
Agrupamento Vertical Clara de Resende - Porto
Agrupamento Vertical da Senhora da Hora - Porto
Agrupamento Vertical de Escolas de Gueifães – Maia
Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues – Silves
Agrupamento Vertical Escolas de Azeitão
Comunicado Conjunto de Alguns Executivos para a DREC
Declaração da Demissão de Avaliador do Prof. José Maria Barbosa Cardoso
Departamento de Expressões da Escola Eugénio de Castro - Coimbra ( para quando todo o Agrupamento ? )
Departamento de Expressões da Escola Secundária Filipa de Vilhena - Porto
Departamento de História, Filosofia e E.M:R. da Escola Secundária de Odivelas
Escola Básica 1 de Santa Maria de Beja - Demissão do Conselho Executivo e de todos os Órgãos intermédios
Escola Básica 2, 3 Frei Bartolomeu dos Mártires - em Viana do Castelo
Escola Básica 2,3/Secundário de Celorico da Beira
Escola Básica 2/3 António Fernandes de Sá - Gervide
Escola Básica 2/3 de Tortosendo
Escola Básica 2/3 de Lijó
Escola Básica Frei André da Veiga - Santiago do Cacém
Escola de Arraiolos
Escola EB23 Dr. Rui Grácio - Sintra
Escola Fernando Lopes-Graça, Parede - Cascais
Escola Jaime Magalhães Lima - Aveiro
Escola Martim de Freitas - Coimbra
Escola Secundária Alcaides de Faria - Barcelos
Escola Secundária André de Gouveia
Escola Secundária Augusto Gomes - Matosinhos
Escola Secundária Avelar Brotero - Coimbra
Escola secundária c/ 3ª ciclo Camilo Castelo Branco - Vila Real
Escola Secundária c/ 3ª ciclo Manuel da Fonseca - Santiago do Cacém
Escola Secundária c/ 3º CEB Madeira Torres - Torres Vedras
Escola Secundária c/ 3º ciclo de Barcelinhos
Escola Secundária c/ 3º Ciclo de Madeira Torres - Torres Vedras
Escola Secundária c/ 3º ciclo Rainha Santa Isabel - Estremoz
Escola Secundária Camões - Lisboa (Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/Coordenadores)
Escola Secundária Campos-Melo - Covilhã
Escola Secundária D. João II - Setúbal
Escola Secundária da Amadora
Escola Secundária da Amora
Escola Secundária de Albufeira - Algarve (Abaixo-assinado)
Escola Secundária de Arganil
Escola Secundária de Camões - Lisboa (Declaração de Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/ Coordenadores)
Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo - Leiria
Escola Secundária de Miraflores - Oeiras
Escola Secundária de Montemor-o-Novo
Escola Secundária de S. Pedro - Vila Real
Escola Secundária de Sebastião da Gama - Setúbal
Escola Secundária de Vila Verde
Escola Secundária Dom Manuel Martins - Setúbal
Escola Secundária Dr. Júlio Martins - Aveiro
Escola Secundária Emídio Navarro - Viseu
Escola Secundária Ferreira de Castro
Escola Secundária Ferreira Dias - Santiago do Cacém
Escola Secundária Infanta D. Maria – Coimbra
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima / Aveiro
Escola Secundária Martins Sarmento - Guimarães
Escola Secundária Monte da Caparica - Lisboa
Escola Secundária Montemor-o-Novo
Escola Secundária Rio Tinto
Escola Secundária Seomara da Costa Primo - Amadora
Escola Secundária Severim de Faria
Escola Secundária/3 De Barcelinhos (Conselho Pedagógico Suspende Avaliação)
Escolas do Concelho de Chaves (9 escolas)
Moção na Escola Secundária de S. Pedro - Vila Real
Actividades 31 de Outubro 2008 - Professor José P. e Professor João S.
Avelar Brotero pede suspensão da avaliação!
Estou feliz! A minha escola aprovou hoje em C. Pedagógico, após longa discussão, o pedido de suspensão da avaliação.É assim mesmo, o que é preciso é não temer e deixarem-se todos de provincianismos medrosos. Parabéns Avelar Brotero!
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
um romance dedicado ao valor da amizade
terça-feira, 28 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Uma tranquila aguarela de uma aluna do oitavo B
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Vamos a ver o que nos aguarda até ao Natal...
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Como é possível ser professor assim?
Quem são os grandes beneficiados com este concurso especial?
Quem passa a ter acesso à carreira titular, sem que estivesse a dar aulas?
Uma resposta.... Aliás, duas: Sindicalistas e políticos.
Se alguém tiver uma leitura diferente, que explique, por favor.
E que expliquem também porque não é ventilada
Eu não consigo ser professor quando as principais prioridades desta profissão estão completamente adulteradas e a caminho de uma aniquilação total.
E o mais incrível de toda esta situação é que se continua a falar de GRELHAS!!!
E o mais incrível é que já se impedem crianças de conviver de forma socialmente livre nos espaços dos recintos escolares. Qualquer dia ainda são apanhados aos beijos, esses malvados!!!
O copo está mais do que transbordado!
Este País não é nem para velhos, nem para novos, nem para quem já atingiu a meia-idade!
Este País caminha hoje a passos largos para uma CRISE EDUCATIVA TÃO GIGANTESCA E TÃO GRAVE que irá seguramente demorar muitas décadas para o conseguir reabilitar.
A todos se vai vendendo a crise financeira como a mãe de todos os problemas.
Neste momento a Mãe de todos os problemas e dos muitos anos que se seguirão, é a COMPLETA E TOTALMENTE AUTISTA VISÃO QUE OS NOSSOS GOVERNANTES POSSUEM ACERCA DA EDUCAÇÃO.
Neste momento queimam-se e abatem-se todas as árvores para, segundo eles, obter oxigénio!
Estamos conversados!
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
E se fôr Verdade? Iria ter cá uma piada!
Já se diz por aí, nos "mentideros", que ontem reuniu o Conselho das Escolas com toda a equipa ministerial: Maria de Lurdes Rodrigues, Valter "Excesso Grave de Faltas" Lemos e o Jorge "Sinistro" Pedreira. Ainda não tive confirmação se o Engº esteve presente. Pode ser que ...mais logo. A grande novidade da sessão de "informações" (até no Magalhães se falou) foi sobre a avaliação dos professores. Parece que vai ser centralizada através de uma aplicação na internet. Vai fazer-se tudo online?!?! Estão os professores preocupados com as metas, os objectivos mínimos e as notas máximas... Calma! Ainda têm tempo. Aguardem pela aplicação... Pensavam os professores, erradamente, que se ia manter o modelo de avaliação; Culpabilizavam os sindicatos por se terem comprometido com um mau acordo...Nada disso! A Ministra da Educação, afinal não é assim tão má para os professores. No momento em que todos estavam a desesperar com as grelhas, os objectivos e todas as outras fatalidades , repito, fatalidades, a ilustre Ministra da Educação de Portugal foi ao Parlamento das Escolas anunciar um modelo simplificado: A Avaliação pela Internet!
Modelo simplificado de Avaliação de Desempenho Docente Pela Internet 2008/2009
A menos que haja surpresas, não demorará muito a que os professores estejam todos com um bonita trelinha (electrónica, claro) nos seus ilustres pescoços."
São tantas que já nem há palavras
Professores. Chefe da Comissão sai após 5 meses Conceição Castro Ramos aposenta-se quando se avaliam 140 mil A presidente do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores (CCAP), estrutura que supervisiona todo o processo de análise e classificação do desempenho, aposentou-se. Uma decisão surpreendente, por acontecer precisamente numa altura em que as escolas estão a generalizar a avaliação a todos os 140 mil profissionais da área.Conceição Castro Ramos, nomeada para o cargo pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no final de Novembro de 2007, tomou posse já a 21 de Abril deste ano, acabando por deixar as funções ao fim de pouco mais de cinco meses.Contactado pelo DN, o Ministério da Educação limitou-se a confirmar a saída da especialista e a informar que "está em curso" o processo de preenchimento do cargo. Já Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), não escondeu alguma surpresa com a decisão: "É no mínimo estranho que, tendo tomado posse há tão pouco tempo, a doutora Conceição Castro Ramos não tenha desejado, pelo menos, acompanhar o processo até ao final do ano lectivo". Fazia críticas "incómodas" (...). DN.
A saída de Conceição Castro Ramos do CCAP foi comentada em alguns blogues: A Sinistra Ministra, A Educação do meu Umbigo e Movimento Mobilização e Unidade dos Professores
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
SEA ( não, não é MAR in english )
Esta tinha de relatar. Até me parece que os meninos gostaram do meu sotaque britânico...
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Uma aula virada para o passado
O que os meus alunos conseguiram na aula de hoje foi viajar até essa época
- Cataram-se os piolhos que fustigavam as cabeleiras eriçadas.
- Experimentaram-se sons, fonemas, balbuciaram-se palavras sem aparente sentido.
- Agitaram-se os braços e as mãos na procura de gestos que ajudassem ao entendimento e no processo de comunicação
- Sujaram-se as mãos com sangue e poeiras e todo o tipo de outros detritos na procura de obter pigmentos que permitissem pintar ou deixar marcas nas rochas e nas paredes das grutas
- Procurou-se por comida, que se partilhava quando se tinha, ou os deixava esfomeados se não se encontrava
- Aconteceram pequenas lutas, ora em situações de normal brincadeira, ora outras, um pouco mais musculadas, na procura de marcação de território e de poder
- Procuraram-se descobrir ritmos compassados, com dinâmicas quase musicais
- Sentiram-se e surgiram situações de primeiras questões relacionadas com o poder da criação e domínio da produção do fogo
- Não se percebia porque cai a água do céu
- Alguns dentes perdidos ou caídos eram utilizados, depois, em objectos de adorno pessoal
- Criaram-se dinâmicas de interacção social, acabando toda a turma no final da aula a simular uma noite de descanso no abrigo de uma gruta. Dormiram juntos, aconchegados, para assim se protegerem do intenso frio glaciar de então
E todo este passeio ao passado dos nossos avós, realizado em noventa mágicos minutos de uma sessão de Oficina de Teatro com os meus fantásticos alunos do 9ºE.
domingo, 21 de setembro de 2008
Até o Pinóquio, que é de pau, conseguiu dar cabo dos fios e passar a ser gente de carne e osso...
Será este o futuro que desejamos para os professores deste País?
Nesta profissão tão nobre que abraçei, damos todos conta, dia após dia, da agonia em que a classe se vai deixando enredar:
- pagam acções de formação
- enchem grelhas e grelhas de planificações assombradas e hiper-perfeitas
- tornam-se mega fantásticos técnicos especializados em Tecnologias de informação
- arriscam multas de trânsitos para chegar a horas ( com o stress até chegam antes da hora, pois o cansaço e uma certa loucura Hollywoodesca toma já conta destas mentes )
- desconhecem aqueles adultos de 21 e 18 anos que tinham lá em casa a jantar ( e que eram os seus próprios filhos )
- passam cinco ou seis horas em reuniões de estruturas que reunem mais de trinta vezes por ano, e ainda se sentem com forças para intervir...
- procuram tesouros fantásticos chamados "permutas" para puderem dar assistência a familiares doentes, ir a consultas médicas, audiências em tribunal, funerais, serem humanos e terem direito a qualquer outro imprevisto ( sim, por vezes acontecem imprevistos aos professores que nem mesmo eles conseguem antecipar... )
- adquirem datashows para não serem confrontados com a impossibilidade de utilização dessa preciosidade pedagógica, por outro qualquer colega de trabalho ter tido a mesmíssima ideia ( sei de uns à venda por cerca de 309 Euros, estão mais em conta e já tem IVA )
- começam a falar de coisas muito bizarras uns com os outros, mesmo, mesmo muito bizarras, como, por exemplo: "já leste o blog da Leonor Alves? Tem lá tudo o que é preciso para a avaliação de desempenho! E está muito arrumadinho. Tem mais de 50 documentos essênciais para a Avaliação de desempenho!
Eu vou tentar continuar a ser o Professor que sempre fui.
Acreditem que é cada vez mais complicado, pois a Loucura que se vai instalando é igual à do filme Voando Sobre um Ninho de Cucos. Prefiro a arte do Milos Forman!
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
"Antes que parta a cara a alguém..."
-" a sua mulher vai a caminho da prisão..."
A escola não é uma fábrica de quadradinhos, é um lugar onde existem pessoas!
É UM LUGAR ONDE EXISTEM PESSOAS...."
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Início de Ano Lectivo
As exigências de alegada "excelência", preconizada por uma Sociedade comandada por valores de meritocracia, começa a criar as raízes para que as pessoas se tornem cada vez mais individualistas e preocupadas com as questões secundárias na construção do seu carácter e da sua formação!
Aos professores de hoje, exige-se ensinar, educar mas, acima de tudo, organizar e orientar as ideias nos alunos para que estes se tornem verdadeiros cidadãos, conscientes da sua imensa capacidade em atingirem o objectivo supremo que todos nós, enquanto seres humanos, deveriamos procurar atingir:
A capacidade de sermos Felizes!
segunda-feira, 2 de junho de 2008
4ª Mostra de Teatro escolar - Coimbra
Até para o ano, para a 5ª mostra de teatro...
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Texto para os alunos do 8ºE
Façam a sua leitura pois vamos ter pouco tempo para o ensaiar antes da grande estreia mais para o final do mês ...
Até para a semana!
CLICA AQUI => "Entrem, disse a Avó"
terça-feira, 29 de abril de 2008
Lembrei-me, nestes tempos agitados que vivemos, desta Alegoria! Vá-se lá saber porquê.
Reprodução de documento publicado originalmente em http://www.terravista.pt/PortoSanto/1494/Il_re_ed.html
A Ilusão e a Realidade da Educação
Um estudo da Alegoria da Caverna de Platão (Livro VII da República)
Vitor Cardoso, 1997
Introdução
Escrita por Platão na sua fase da maturidade (Gomes, Pinharanda), A República é o maior dos seus diálogos, com excepção das Leis, e certamente o mais importante (McClintock, 1968), constituindo um dos marcos fundamentais do pensamento ocidental.
Platão começa este longo diálogo por discutir a questão da justiça, do que é e não justo, para a identificar com o bem. Justiça para Platão é, pois, fazer o bem. Mas como distinguir o bem do mal ? O que é justo do injusto ? A verdade da mentira ? O real das "sombras" ? Na discussão desta difícil problemática a visceral antipatia de Platão pelos sofistas quase se abate: ele acaba por reconhecer que os sofistas, em vez de corruptores do povo, são a própria imagem do cidadão comum (Jowett, 1901).
Se generalizadamente é assim, então parece não haver esperança. Mas ... talvez haja uma saída... pela educação!
É na alegoria da caverna que Platão vai por um lado evidenciar as razões por que há tanta confusão acerca da questão da justiça - e de muitas outras coisas - e por outro justificar a necessidade da educação na criação de um novo cidadão, com o qual será possível construir um mundo melhor e mais justo: a República.
No texto que se segue vamos analisar esta alegoria com os "olhos de hoje", retirando-a do seu contexto na Grécia antiga de há 2.400 anos para a colocar na sociedade da informação. Veremos se passados mais de vinte e quatro séculos após a sua concepção, a obra de Platão continua "viva e com todo o tipo de relevâncias para a vida contemporânea" (McClintock, 1968).
Vamos correr vários riscos. Mal interpretar o que foi escrito somente para "acumular para si mesmo um tesouro de rememorações para a velhice" (1) é o primeiro.
Outro risco, pelo menos, é o de não compreendermos suficientemente o actual momento civilizacional. Ainda nos encontramos na fase em que as tremendas e fascinantes novas possibilidades da sociedade da informação nos "rebentam" mais vezes nas mãos do que nos alvos, ainda insuficientemente identificados.
A luz ao fundo da caverna
Platão resume nesta alegoria a sua visão de uma humanidade ignorante, prisioneira das sensações, do imediatismo e inconsciente da sua limitada perspectiva. Os raros privilegiados que conseguem escapar das amarras dessa "caverna", através de uma longa e difícil caminhada intelectual vão descobrindo outras dimensões mais completas e reais - primeiro os objectos e a fogueira - e bem lá no fim, já fora da caverna, encontrarão a verdadeira realidade, a origem e a explicação de tudo o que existe (2).
A concepção arquitectural e cénica da caverna apresentada no início do livro VII da República não é absolutamente consensual. Talvez devido às "nuances" das diferentes traduções do grego para as línguas vivas actuais, ou por outras razões, encontrámos algumas diferenças na "visualização" que alguns autores fazem da alegoria da caverna. A que nos pareceu particularmente "diferente" está publicada na mais conceituada tradução portuguesa da República de Platão, da Fundação Calouste Gulbenkian. A tradutora, na introdução que faz à obra (Pereira, Maria H. R, 1976), interpreta assim a cena:
"Homens algemados de pernas e pescoços desde a infância, numa caverna, e voltados contra a abertura da mesma, por onde entra a luz de uma fogueira acesa no exterior, não conhecem da realidade senão as sombras das figuras que passam, projectadas na parede, e os ecos das suas vozes."
Sublinhámos a parte da interpretação que nos parece menos sugestiva. Embora Platão nunca diga taxativamente que a fogueira está dentro da caverna, todo o diálogo assim o dá a entender. De resto não parece fazer muito sentido que uma fogueira acesa no exterior, iluminado pelo sol, possa projectar luz sobrepondo-se à daquele. Embora à primeira vista pareça um pormenor isso pode alterar alguns aspectos substanciais da análise.
A caverna é a metáfora para o nosso mundo físico: lá dentro estamos nós, a fogueira também e os outros objectos (fig.1). Platão não nega que haja alguma luz nas primeiras etapas da nossa "libertação", admite até que possamos vislumbrar alguns objectos reais à luz da fogueira. Mas para ele a verdadeira luz está no exterior, não é a luz vacilante da fogueira, mas a luz fulgurante do sol: é a sua metáfora para o mundo das ideias.
A ilusão e a realidade da Educação
A caverna de Platão, uma das mais fascinantes e assustadoras metáforas do pensamento ocidental, é, entre outros vectores possíveis de análise, uma visão alegórica sobre a educação e a libertação, mas também, em última análise, uma revelação do potencial de dominação e opressão que a educação pode ter sobre o ser humano.
Como os prisioneiros nem sequer podem ver o seu próprio corpo ou o das outras pessoas, inevitavelmente confundem as sombras e os ecos reflectidos na parede à sua frente com a própria realidade, pois não conhecem outra (3).
Que situação sem nexo, diremos nós. Como é que alguém pode ser tão estúpido e parvo que se deixe enganar por sombras numa parede? (4)
Ao seu interlocutor no diálogo, Gláucon, que lhe faz uma observação semelhante, Platão responde:
"Eles são como nós !"
A situação dos prisioneiros na caverna retrata, para Platão, precisamente a condição humana. Nós nascemos numa confortável escravatura de ignorância e é extremamente difícil, sem ajuda, tomar consciência dela e distinguir a realidade (a verdade) da ilusão. E vai mais longe, afirmando que a maioria de nós se sente tão confortável na sua vidinha ignorante que não quer sequer mudar.
Se alguém agarrar no prisioneiro, diz Platão, e o voltar para os próprios objectos, de que ele só conhece as sombras, sentirá dores no corpo muito tempo imobilizado e o deslumbramento das figuras em contraluz que o cega temporariamente impedi-lo-á de ver direito qualquer coisa, até as próprias sombras que até aí ele podia ver e eram a única coisa que tinha. Neste estado de confusão e ... martírio ele vai querer voltar à segurança das amarras e à simplicidade das sombras a que estava habituado.
Este desejo de regresso à escravidão da ignorância - esta resistência à mudança, diríamos hoje - é tão forte, afirma Platão, que o prisioneiro tem mesmo de ser arrastado à força para fora da caverna e para a verdadeira realidade. O sofrimento físico e a angústia são consideráveis, mas é a única maneira, diz Platão. Uma vez fora da caverna ele experimentará inicialmente os mesmos problemas de deslumbramento, mas pouco a pouco ir-se-á habituando à luz do dia e começará a ver as coisas à sua volta e a descobrir a verdadeira realidade. Com o tempo até o próprio sol será objecto da sua atenção e compreensão.
Embora esta odisseia do conhecimento não seja tarefa fácil, pensa Platão, ela faz parte do ser Homem. Todos desejamos o conforto e a segurança de um mundo simples com poucos problemas, de solução fácil, compreensiva, universalmente aceite e aparentemente correcta, como nesse "paraíso original" dos prisioneiros. Mas esta situação é ilusória e, se é paraíso, bem ... é o paraíso dos tolos!
A condição humana é inicialmente de auto-escravatura que as pessoas confundem com liberdade. Na alegoria as pessoas (os prisioneiros) pensam que são livres; pensam que compreendem o seu mundo. Nós que os observamos de fora podemos ver quão enganados estão, mas eles, para nosso espanto, agarram-se desesperadamente às suas amarras convencidos de que o que experimentam é a própria realidade.
A educação é, em Platão, um processo lento e doloroso em que se vão expondo as pessoas à verdade. O primeiro passo é o reconhecimento da natureza incompleta deste mundo de ilusões. No contexto das suas limitações iniciais os prisioneiros tinham uma forma de olhar para o mundo e, pelo menos para eles, esta forma de ver a realidade fazia sentido. Mas pouco a pouco, e na medida em que são libertados e levados a ver o mundo fora da caverna, com mais luz e com outra luz, vão percebendo que esta nova forma de ver tem ainda mais sentido. Tornam-se então seres mais conscientes do mundo que os rodeia.
Para Platão educação é liberdade. A experiência da educação liberta-nos da condição de ignorância (5). É uma das mensagens bonitas que Platão nos transmite com esta alegoria.
Há um outro lado mais negro, menos visível na alegoria: o potencial de dominação e opressão de umas pessoas por outras que a educação pode pretender legitimar. O prisioneiro, quando inicialmente é libertado, fica confuso e quer regressar à sua condição anterior, mas já não pode. É arrancado dali à força e arrastado até à luz do sol.
Quem teria interesse nisso ? Quem seria capaz, por força, persuasão ou influência de levar outros para fora da caverna ? Essa pessoa tinha de saber qual o caminho a seguir para os levar em direcção à luz. Subentendendo Platão, só podia (ou devia) ser um filósofo.
É a ideia do messias, com tudo o que tem de bom (terá ?) e de mau ! Todos os grandes iluminados têm em comum esse objectivo: querem educar o povo, levá-lo a ver a verdade, a sua verdade, à força se necessário. Até inventaram a educação obrigatória ! Nem os actuais regimes democráticos são excepção.
Os actuais sistemas educacionais estão , aparentemente, concebidos para que entremos cada um de nós, com a sua verdade e saiamos todos com a verdade do mestre (ou do sistema)!
Este potencial de dominação e opressão que a educação pode ter sobre o ser humano é uma crítica importante que podemos fazer ao platonismo. Mas será justo fazê-la ao próprio Platão ?
Pensamos que ele estava consciente desse problema e nos procurou alertar para ele:
"Educação não é o que alguns apregoam que ela é... introduzir ciência numa alma em que ela não existe, como se introduzissem a vista em olhos cegos."
Platão insiste que educar não é "impingir" ciência. É essencialmente a arte de motivar para aprender ("a arte desse desejo"), "dar-lhe os meios para isso"(5) e ser companheiro de percurso. Não é transformar a carne em salsichas, é motivá-la a transformar-se num organismo vivo, ele saberá depois ...encontrar o divino.
Estamos conscientes de que há alguns aspectos contraditórios nesta argumentação, mas pensamos que o próprio Platão não respeita aqui o princípio da não-contradição (é se calhar da própria natureza da educação não o respeitar). Nem sequer resiste a apresentar receitas sobre os conteúdos curriculares... mas pensamos que aqui o nosso comentário tem de ser tão circunstancial como o de um médico de hoje que analisa uma receita de Hipócrates para tratar uma determinada doença: esta receita já não se aplica!
NOTAS
1 - Fedro, pág. 129 edição da Galeria Panorama.
2 - Essa realidade é Deus. Para Platão o fim do caminho, verdadeiramente, nunca se atinge nesta existência terrestre, apenas se pode chegar muito perto e vislumbrá-lo. Só do outro lado, na morte, isso pode ser plenamente conseguido.
3 - Não deixa de ser interessante notar que a forma como Platão coloca a fogueira - num plano elevado e com um pequeno muro à frente - nos permite conjecturar que a luz nunca atinge os prisioneiros por trás, passando acima das suas cabeças. Este facto impede-os de verem a sua própria sombra reflectida na parede e a possibilidade de terem algum tipo de interactividade com ela que lhes permitiria estabelecer uma ponte entre a realidade e as sombras na parede.
4 - Não resistimos à ideia de referir os artistas mágicos, que sempre fascinaram as plateias com as suas realizações aparentemente impossíveis, levando por vezes as pessoas a acreditar que eles têm poderes sobrenaturais. Com as novas tecnologias a magia tornou-se uma verdadeira ciência das ilusões e a realidade virtual ... corre o risco de tornar o mundo num palco permanente de magia.
5 - Para Platão já nascemos com a sabedoria, apenas "vemos mal", por isso ignoramos que já a temos (é a teoria da reminiscência, uma questão controversa que não cabe no âmbito deste trabalho).
Referências
CAVE Overview (1996) - In
Gomes, Pinharanda - Nota bibliográfica à sua tradução do Fedro de Platão. Lisboa, Galeria Panorama.
Jowett, Benjamin (1901)- Introdução à República de Platão. New York: P. F. Collier & Son. The Colonial Press. In 1995 Institute for Learning Technologies - In
McClintock, Robert (1968) - Prefácio a "The theory of Education in the Republic of Plato" de R.L.Nettleship. Teachers College, Columbia University. In1995 ILT Digital Classics. In
Pereira, Maria H. R. (1976) - Introdução a "A República - Platão". Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Platão - A República - Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Obra de onde foram retiradas as frases de Platão referidas no texto do presente estudo.
Platão - Fedro . Lisboa, Galeria Panorama.
Soccio, Douglas J.(1995), Archetypes of Wisdom, Belmont, Wadsworth Publishing Co. In Plato's Cave,
Obs.: Todas as páginas da Internet referidas foram consultadas em Janeiro de 1997
Agradecimentos
Embora a responsabilidade pelas eventuais gralhas ou incorrecções pertença exclusivamente a si próprio, o autor pretende registar o seu agradecimento às pessoas abaixo referidas:
o Ao Prof. Doutor. Joaquim Coelho Rosa da ESE João de Deus, pela inspiração deste trabalho.
o Ao Dr. Bartolomeu Valente, pela sua disponibilidade em ler a versão prévia deste texto
o À Drª Vitória G. Martins Cardoso, minha esposa, pela sua preciosa ajuda na correcção e estilo do texto.
Reprodução de documento publicado originalmente em http://www.terravista.pt/PortoSanto/1494/Il_re_ed.html (1978)
Actual source (2005): http://www.univ-ab.pt/~vcardoso
(*)foto do autor deste blog
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Pensar em voz alta...
Deixo-vos estas palavras para meditar...
"E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!…
Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!…
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.
(...)
Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora."
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Mas que Profissão é esta nossa??? Acordo??? MAS QUAL ACORDO?? ACORDEMOS MAS É POIS A CORDA JÁ VAI BEM APERTADA NO PESCOÇO DO NOSSO SISTEMA DE ENSINO
Já não é recente este artigo de Santiago Castilho sobre os tempos que vão varrendo com vagas de inóspita insensatez a Educação deste País. Este fim-de-semana ouvi-o com prazer numa entrevista dada na Sic Notícias sobre este "malfadado" acordo cozinhado, segundo as partes, em 7 horas de lume ora brando, ora mais forte....
Os outros, os "Grandes Sábios Conhecedores da Matéria em discussão" ( entenda-se escumalha pseudo-letrada ), deviam com a devida e merecida atenção, ler e ouvir as opiniões de Santiago. Bem-haja!
Aqui presto louvada e merecida homenagem por tudo o que tem escrito e opinado sobre as Políticas Educativas que estes nossos "Políticos" vão urdindo sem Roque nem Rei...
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Encontrei o BLOG de Possidónio Cachapa!
Por mais vidas que vivamos, algumas merecem que passemos a sua Alma pelas Almas de outras vidas. Este é apenas um caminho que vos deixo para conhecerem esta Alma Grande.
POSSIDÓNIO CACHAPA. A não esquecer de conhecer...
BLOG Prazer_Inculto
quinta-feira, 13 de março de 2008
Trabalhos dos meninos do 9ºE. Que lindos estão!
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