domingo, 16 de novembro de 2008

O Eixo do mal


"Portugal é uma anedota com oitocentos quilómetros de costa."

Clara Ferreira Alves no Eixo do Mal - Sic Notícias

A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca
Clara Ferreira Alves, aterradora...

Por­tu­gal tem um dé­fi­ce de res­pon­sa­bi­li­da­de ci­vil, cri­mi­nal e mo­ral mui­to mai­or do que o seu dé­fi­ce fi­nan­cei­ro, e ne­nhum por­tu­guês se pre­o­cu­pa com is­so ape­sar de pa­gar os cus­tos da mo­ro­si­da­de, do se­cre­tis­mo, do en­co­bri­men­to, do com­pa­drio e da cor­rup­ção.

Os por­tu­gues­es, na sua in­fi­ni­ta e pa­ca­ta de­sor­dem exis­ten­ci­al, acham tu­do 'nor­mal' e en­co­lhem os om­bros. Por uma vez gos­ta­va que em Por­tu­gal al­gu­ma coi­sa ti­ves­se um fim, pon­to fi­nal, as­sun­to ar­ru­ma­do. Não se fa­la mais nis­so. Vi­ve­mos no pa­ís mais in­con­clu­si­vo do mun­do, em per­ma­nen­te agi­ta­ção so­bre tu­do e sem con­clu­ir na­da.

Des­de os Tem­plá­rios e as obras de San­ta En­grá­cia, que se sa­be que, na­da aca­ba em Por­tu­gal, na­da é le­va­do às úl­ti­mas con­se­quên­cias, na­da é de­fi­ni­ti­vo e tu­do é im­pro­vi­sa­do, tem­po­rá­rio, de­sen­ras­ca­do.

Da mor­te de Fran­cis­co Sá Car­nei­ro e do eter­no mis­té­rio que a ro­deia, foi cri­me, não foi cri­me, ao de­sa­pa­re­ci­men­to de Ma­de­lei­ne McCann ou ao ca­so Ca­sa Pia, sa­be­mos de an­te­mão que nun­ca sa­be­re­mos o fim des­tas his­tó­ri­as, nem o que ver­da­dei­ra­men­te se pas­sou nem quem são os cri­mi­no­sos ou quan­tos cri­mes hou­ve.

Tu­do a que te­mos di­rei­to são in­for­ma­ções ca­í­das a con­ta-go­tas, pe­da­ços de enig­ma, pe­ças do que­bra-ca­be­ças. E ha­bi­tuá­mo-nos a pres­cin­dir de apu­rar a ver­da­de por­que in­ti­ma­men­te acha­mos que não sa­ber o fi­nal da his­tó­ria é uma coi­sa nor­mal em Por­tu­gal e que es­te é um pa­ís on­de as coi­sas im­por­tan­tes são 'aba­fa­das', co­mo se vi­vês­se­mos ain­da em di­ta­du­ra.

E os no­vos có­di­gos Pe­nal e de Pro­ces­so Pe­nal em na­da vão mu­dar es­te es­ta­do de coi­sas. Ape­sar dos jor­nais e das te­le­vi­sões, dos blogs, dos com­pu­ta­do­res e da In­ter­net, ape­sar de ter­mos aces­so em tem­po re­al ao mai­or nú­me­ro de no­tí­cias de sem­pre, con­ti­nua­mos sem sa­ber na­da, e es­pe­ran­do nun­ca vir a sa­ber com to­da a na­tu­ra­li­da­de.

Do ca­so Por­tu­ca­le à Ope­ra­ção Fu­ra­cão, da com­pra dos sub­ma­ri­nos às es­cu­tas ao pri­mei­ro-mi­nis­tro, do ca­so da Uni­ver­si­da­de In­de­pen­den­te ao ca­so da Uni­ver­si­da­de Mo­der­na, do Fu­te­bol Clu­be do Por­to ao Sport Lis­boa Ben­fi­ca, da cor­rup­ção dos ár­bi­tros à cor­rup­ção dos au­tar­cas, de Fá­ti­ma Fel­guei­ras a Isal­ti­no Mo­ra­is, da Bra­ga par­ques ao gran­de em­pre­sá­rio Bi­bi, das quei­xas tar­di­as de Ca­ta­li­na Pes­ta­na às de Jo­ão Cra­vi­nho, há por aí al­guém que acre­di­te que al­gum des­tes se­cre­tos ar­qui­vos e seus pos­sí­veis e ale­ga­dos, mui­tos ale­ga­dos cri­mes, aca­bem por ser in­ves­ti­ga­dos, jul­ga­dos e de­vi­da­men­te pu­ni­dos?

Va­le e Aze­ve­do pa­gou por to­dos.

Quem se lem­bra dos do­en­tes in­fec­ta­dos por aci­den­te e ne­gli­gên­cia de Le­o­nor Be­le­za com o ví­rus da si­da?

Quem se lem­bra do mi­ú­do elec­tro­cu­ta­do no se­má­fo­ro e do ou­tro afo­ga­do num par­que aquá­ti­co?

Quem se lem­bra das cri­an­ças as­sas­si­na­das na Ma­dei­ra e do mis­té­rio dos cri­mes im­pu­ta­dos ao pa­dre Fre­de­ri­co?

Quem se lem­bra que um dos ra­ros con­de­na­dos em Por­tu­gal, o mes­mo pa­dre Fre­de­ri­co, aca­bou a pas­se­ar no Cal­ça­dão de Co­pa­ca­ba­na?

Quem se lem­bra do au­tar­ca alen­te­ja­no quei­ma­do no seu car­ro e cu­ja ca­be­ça foi rou­ba­da do Ins­ti­tu­to de Me­di­ci­na Le­gal?

Em to­dos es­tes ca­sos, e mui­tos ou­tros, me­nos fa­la­dos e tão som­bri­os e en­ro­di­lha­dos co­mo es­tes, a ver­da­de a que ti­ve­mos di­rei­to foi ne­nhu­ma. No ca­so McCann, cu­jos de­sen­vol­vi­men­tos vão do es­ca­bro­so ao in­crí­vel, al­guém acre­di­ta que se ve­nha a des­co­brir o cor­po da cri­an­ça ou a con­de­nar al­guém?

As úl­ti­mas no­tí­cias di­zem que Gerry McCann não se­ria pai bi­o­ló­gi­co da cri­an­ça, con­tri­buin­do pa­ra a con­fu­são des­ta in­ves­ti­ga­ção em que a Po­lí­cia es­pa­lha ru­mo­res e in­dí­ci­os que não têm sub­stân­cia.

E a mi­ú­da de­sa­pa­re­ci­da em Fi­guei­ra? O que lhe acon­te­ceu? E to­das as cri­an­ças de­sa­pa­re­ci­da an­tes de­las, quem as pro­cu­rou?

E o pro­ces­so do Par­que, on­de tan­tos cli­en­tes bus­ca­vam pros­ti­tu­tos, al­guns me­no­res, on­de tan­ta gen­te 'im­por­tan­te' es­ta­va en­vol­vi­da, o que acon­te­ceu? Ar­ran­jou-se um bo­de ex­pi­a­tó­rio, foi o que acon­te­ceu.

E as fa­mo­sas fo­to­gra­fi­as de Te­re­sa Cos­ta Ma­ce­do? Aque­las em que ela re­co­nhe­ceu imen­sa gen­te 'im­por­tan­te', jo­ga­do­res de fu­te­bol, mi­li­o­ná­rios, po­lí­ti­cos, on­de es­tão? Fo­ram des­tru­í­das? Quem as des­tru­iu e por­quê?

E os cri­mes de eva­são fis­cal de Ar­tur Al­bar­ran mais os ne­gó­ci­os es­cu­ros do gru­po Carlyle do se­nhor Car­luc­ci em Por­tu­gal, on­de é que is­so pá­ra? O mes­mo gru­po Carlyle on­de la­bo­ra o ex-mi­nis­tro Mar­tins da Cruz, ape­a­do por cau­sa de um pe­que­no cri­me sem im­por­tân­cia, o da cu­nha pa­ra a sua fi­lha.

E aque­le mé­di­co do Hos­pi­tal de San­ta Ma­ria, sus­pei­to de ter as­sas­si­na­do do­en­tes por ne­gli­gên­cia? Exer­ce me­di­ci­na?

E os que so­bram e to­dos os di­as vão pra­ti­can­do os seus cri­mes de co­la­ri­nho bran­co sa­ben­do que a jus­ti­ça por­tu­gue­sa não é ape­nas ce­ga, é sur­da, mu­da, co­xa e mar­re­ca.

Pas­sa­do o pra­zo da in­tri­ga e do sen­sa­ci­o­na­lis­mo, to­dos es­tes ca­sos são ar­qui­va­dos nas ga­ve­tas das nos­sas con­sci­ên­cias e con­de­na­dos ao es­que­ci­men­to.

Nin­guém quer sa­ber a ver­da­de. Ou, pe­lo me­nos, ten­tar sa­ber a ver­da­de.

Nun­ca sa­be­re­mos a ver­da­de so­bre o ca­so Ca­sa Pia, nem sa­be­re­mos quem eram as re­des e os 'se­nho­res im­por­tan­tes' que abu­sa­ram, abu­sam e abu­sa­rão de cri­an­ças em Por­tu­gal, se­jam ra­pa­zes ou ra­pa­ri­gas, vis­to que os abu­sos so­bre me­ni­nas fi­ca­ram sem­pre na som­bra.

Exis­te em Por­tu­gal uma ca­ma­da sub­ter­râ­nea de se­gre­dos e in­jus­ti­ças , de pro­tec­ções e la­va­gens, de cor­po­ra­ções e fa­mí­lias, de emi­nên­cias e re­pu­ta­ções, de di­nhei­ros e ne­go­ci­a­ções que im­pe­de a es­ca­va­ção da ver­da­de.

Es­te é o mai­or fra­cas­so da de­mo­cra­cia por­tu­gue­sa

Cla­ra Fer­rei­ra Al­ves - 'Ex­pres­so'

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A não perder as suas intervenções no programa "O eixo do mal" da Sic Notícias onde, com as devidas desculpas aos outros intervenientes, é "Clara e os outros..."
A edição de hoje, dia 16 de Novembro, das 00.00 à 01.00h foi particularmente marcada pelo debate acerca dos acontecimentos relacionados com o estado lastimável da Educação deste País.
Clara Ferreira Alves para Ministra da Educação JÁ!!!!

...mas se só chega a Ministro quem não tem educação ou criatividade....

NÃO! deixe-se estar Clarinha! Faz muito mais falta a este País tal e qual como está e a fazer aquilo que tão bem sabe.
Muito obrigado e um bem-haja!

J.S.

1 comentário:

Unknown disse...

Não sei se era neste espaço que eu poderia deixar a minha informação importante a esse senhor calvo que está na mesa do eixo do mal, se não for, tansmitam-no. "Os professores titulares não tem redução de horário"
Se eu tivesse que o avaliar daria-lhe um não satisfaz, porque vai para uma discussão televisiva mal informado. Não fez os deveres de casa ou está a fazer política.
Os bancos foram todos avaliados por grandes iluminados como esse senhor, e o que aconteceu?

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