segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Taboo - Série a não perder

Taboo series 2 confirmed: Tom Hardy to return to BBC1 as “the devil Delaney”

Executive producer Ridley Scott thanks the BBC and US broadcaster FX for "supporting Taboo at every stage so it could be the dark, dirty brute of a drama that it is"
 
 
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BBC1’s grimy, gritty drama series Taboo starring Tom Hardy will be back for a second series, the BBC has confirmed.
The period drama written by Steven Knight, the creator of Peaky Blinders, will officially return with eight new episodes to BBC1 after star Hardy said that there was more story to tell.
An air date for Taboo series two has yet to be revealed, but writer Knight has previously been confident of a renewal, telling RadioTimes.com that he was expecting at least two more series.
“We think it has got a two and a three certainly, that’s the plan,” Knight said. “After that who knows? This series is eight parts – it’s a lot of time.”
The series will continue to be broadcast on BBC1 in the UK and FX in the United States. Following news of the recommission, star Tom Hardy said, “We are grateful and excited to continue our relationship with the BBC and FX in contributing towards British drama. Fantastic news.”

Someone compiled all of Tom Hardy’s grunts on Taboo into an ultra-macho supercut

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Steven Knight gave a hint of what was to come by saying that he would be taking James Delaney to the new world, following the series one finale which saw Hardy’s character sail off into the sunset.
“James Delaney will continue to explore many realities as he takes his band of misfits to a new world, thanks to FX and the BBC, partners who could not be more suited to collaborating in ground breaking work,” Knight said.
Director Ridley Scott, who was an executive producer for Taboo, added, “We’re thrilled people want to know what happens next and that the BBC and FX are up for more adventures with the devil Delaney and the league of the damned.
“Along with our international distributors, Sonar Entertainment, the BBC and FX have been great partners, supporting Taboo at every stage so it could be the dark, dirty brute of a drama that it is.”
The BBC said that the series has earned its recommission in part because of its success on BBC iPlayer, where it has earned a growing audience following its unusual Saturday night slot. Episode one earned the BBC its third highest iPlayer audience ever, just behind Sherlock and one-off drama Murdered By My Boyfriend.
“Launching in a new Saturday night slot on BBC1 provided us with an opportunity to take risks and showcase distinctive drama; and the growing talkability of Taboo has engaged younger audiences seeing record numbers coming to iPlayer, with the availability of the box set maximising audiences even further,” said director of BBC content Charlotte Moore. “A second series can’t come soon enough.”

domingo, 7 de janeiro de 2018

Um BÓNUS Literário...


11 - RECORDO O QUE AINDA NÃO VIVI


O dia amanheceu frio e tristonho na aldeia, mas Lavinhos necessita de dias assim para se entreter a aquecer as lembranças seguindo à boleia das tempestades. Muitos aldeões aproveitam os invernos rigorosos para descascarem a memória às camadas. Todos os que vivem e cresceram em Lavinhos sentiram uma vontade imensa de lá escapar, e quiseram cortar as amarras com que a natureza os prendeu àquela terra distante e isolada.
Marília foi quase sempre imune às intempéries, era um castanheiro de raízes profundas, era um ouriço-cacheiro, um licranço, um açor, por vezes a raposa atrevida que saltava alegremente pelos campos, e isso era tudo o que a fazia feliz.
Os pensamentos do irmão congelaram com os acontecimentos da madrugada. Cinco “estrangeiros” com roupas luminosas apareceram do nada e barraram-lhe o caminho poucos metros à sua frente. Ao início pareceram-lhe pequenos, mas depressa as suas silhuetas cresceram até atingirem uma altura desumana. Ficaram ali parados com as pernas e os braços tentaculares a rodopiarem em várias direções, esfíngicos e alabastrinos, com uns olhos gigantes mas quase inexpressivos. A roupa que trajavam mudava rapidamente de cor, apesar de ser o amarelo a que mais predominava.
- Tu és mesmo um gajo com muita piada, e as histórias que tu contavas ainda me fazem recordar, como se fosse agora, aqueles dias inteiros de brincadeiras sem fim. Gostavas imenso de contar aquela história de piratas e do tesouro que eles tinham escondido algures nas redondezas da nossa aldeia… e eu jamais duvidei da sua veracidade. Para mim, tudo o que dizias acerca de todas as coisas fazia sempre sentido, e tu sabias tão bem inventar histórias e aventuras mirabolantes.
O António Faneca parecia não ter envelhecido. Os seus olhos brilhantes ainda iluminam os dias do poeta da mesma maneira, apesar da tragédia que foi o seu inesperado desaparecimento. Não teve grande sorte na vida, o Toninho, nem com os médicos que o assistiram, nem com a doença maldita que depressa o levou.
O menino jura a pés juntos que o Faneca é uma daquelas cinco estranhas criaturas luminosas que está plantada à sua frente no meio do caminho, ou então está novamente a inventar histórias para conseguir encarar a realidade.
- O meu amigo Toninho cresceu, veio do futuro para levar Marília no funil voador. Eu sabia! Sempre suspeitei que era possível o ser humano viajar entre tempos, só que ainda ninguém sabe como fazê-lo… talvez seja mais fácil viajar do futuro para o passado que do presente alcançarmos o futuro. Como é que o Toninho Faneca conseguiu esta proeza mirabolante?
Os “estrangeiros” pairam no ar enquanto crescem em altura. Os seus corpos estão cada vez mais longilíneos e disformes, os pescoços estreitos e muito finos  conseguem suportar as cabeças com alguma dificuldade, até ao momento em que estas começam a levitar, autónomas, e se aproximam do menino poeta.
Os corpos desaparecem e as cabeças avançam vagarosamente, umas atrás das outras, até formarem um círculo à volta do menino, que deixou de sentir as pernas e está sentado no chão húmido e enlameado. As cabeças voadoras transformam-se em mochos grandes, formosos e elegantes, crescem agora as asas de um mocho ao menino poeta, crescem penas, as suas pequenas orelhas estão espetadas no ar e os olhos ficam ainda mais redondos e abertos. Pinta-se de vermelho o branco que neles há, a roupa que veste deixa de lhe servir e ele desaparece a voar, com os seus cinco novos companheiros, para muito longe das serras que ladeiam Lavinhos e as aldeias vizinhas.
Os seis voam pelo interior das florestas a piar às montanhas e às serras..  
O funil voador mimetiza-se com a mesma cor do céu da madrugada. Deixa de brilhar e de piscar, está no mesmo lugar de sempre, só que ninguém o consegue vislumbrar se olhar para ele.
- Raúl. Ama-me sempre de madrugada! Não te esqueças, homem, não te esqueças disto que eu te estou a pedir.
Madalena tremeu da cabeça aos pés. Passaram alguns anos desde a última vez que se sentiu assim. Ela sabe ao pormenor tudo aquilo que está para acontecer, conhece os gestos íntimos de Raúl antes dele os praticar, tem a certeza que já esteve aqui, neste lugar, numa outra vida ou nesta mesma vida que é a sua de agora, a recordar a vida que está para chegar.
Madalena sabe que Marília voará para a montanha para se encontrar com os animais que lhe contam as histórias e os vigiam durante as madrugadas. Quando o sino da igreja tocar a próxima Ave Maria, Marília partirá para onde os silêncios escurecidos da floresta melhor se conseguem escutar, e o irmão poeta a seguirá.
Madalena sabe que os seus mochos partirão, e que depois irão voar silenciosamente por cima da casa. E será nesse momento que ela perguntará a Raúl se ele deu conta dos pássaros, e se reparou como era intenso e vermelho o seu olhar.
 

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