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quarta-feira, 20 de novembro de 2013
A VENDEDORA DE CASTANHAS - Dona Adelaide - Praça 8 de Maio - COIMBRA
FIGURAS DA NOSSA PRAÇA
Adelaide Santos: vendedora de castanhas há mais de sessenta e cinco anos
Aos
88 anos, Adelaide Santos ainda aguenta muitas horas em pé, ao frio, a
vender castanhas. É assim há mais de 65 anos. Diz que este pode ser o
último Inverno ali, de fuligem colada ao rosto.
Alguns clientes chamam-lhe "velhota", ternamente. Brincam com ela – "Tenho muitas pessoas amigas, fregueses que gostam de mim e me compram castanhas, sabe?" – e ela esquece as dores nos ossos e na carne para responder à letra. Os anos não lhe roubaram o humor.
Quem pára na Praça 8 de Maio, o coração da Baixa de Coimbra, para lhe comprar castanhas, diz que são as melhores. "As desta senhora são sempre boas e quentinhas, não há uma podre. Quando tenho uns trocos no bolso compro", diz, de fugida, uma jovem.
A vendedora é generosa e atenta. Em cada cartuxo põe uma castanha "de brinde". E nem pensar em servir as castanhas esfriadas. "Teimosa!", reclama outra cliente. "Adelaidinha, elas estão boas, bem assadas, não é preciso aquecer!". Não adianta.
A preocupação com a qualidade do serviço prestado começa muito antes da venda. Levanta-se de madrugada para retalhar as castanhas e "tirar o podre", explica Adelaide.
Mas o corpo começa a ressentir-se da dureza do trabalho. A trombose e o derrame cerebral sofridos também pesam. "Passo muitas horas em pé. De vez em quando sento-me, mas tenho de assar as castanhas e de tomar conta dos clientes. É vida de pobre", solta, resignada. Incapaz de cumprir todas as tarefas, tem de pagar para lhe empurrarem o carrinho e lhe levarem as castanhas a casa. O facto de viver na Rua Corpo de Deus, a dois passos dali, mas bastante inclinada, é uma agravante. "Quando eu era nova, as coisas levavam-se bem, era eu que fazia tudo".
Adelaide vende uns 10 quilos de castanhas por dia. Sempre é melhor que nada, como sublinha. Até porque o valor da reforma não cobre sequer a conta na farmácia.
Não tem pregões porque não gosta de chamar ninguém. ""As pessoas vêm. Os meus fregueses já sabem como sou. Muitos conheceram-me nova". Os turistas também se lhe dirigem, de máquinas fotográficas estendidas. "Tenho retratos por todo o lado: Espanha, Brasil..." Ainda assim, Adelaide sente que este pode ser o seu último Inverno enquanto vendedora de castanhas.
Alguns clientes chamam-lhe "velhota", ternamente. Brincam com ela – "Tenho muitas pessoas amigas, fregueses que gostam de mim e me compram castanhas, sabe?" – e ela esquece as dores nos ossos e na carne para responder à letra. Os anos não lhe roubaram o humor.
Quem pára na Praça 8 de Maio, o coração da Baixa de Coimbra, para lhe comprar castanhas, diz que são as melhores. "As desta senhora são sempre boas e quentinhas, não há uma podre. Quando tenho uns trocos no bolso compro", diz, de fugida, uma jovem.
A vendedora é generosa e atenta. Em cada cartuxo põe uma castanha "de brinde". E nem pensar em servir as castanhas esfriadas. "Teimosa!", reclama outra cliente. "Adelaidinha, elas estão boas, bem assadas, não é preciso aquecer!". Não adianta.
A preocupação com a qualidade do serviço prestado começa muito antes da venda. Levanta-se de madrugada para retalhar as castanhas e "tirar o podre", explica Adelaide.
Mas o corpo começa a ressentir-se da dureza do trabalho. A trombose e o derrame cerebral sofridos também pesam. "Passo muitas horas em pé. De vez em quando sento-me, mas tenho de assar as castanhas e de tomar conta dos clientes. É vida de pobre", solta, resignada. Incapaz de cumprir todas as tarefas, tem de pagar para lhe empurrarem o carrinho e lhe levarem as castanhas a casa. O facto de viver na Rua Corpo de Deus, a dois passos dali, mas bastante inclinada, é uma agravante. "Quando eu era nova, as coisas levavam-se bem, era eu que fazia tudo".
Adelaide vende uns 10 quilos de castanhas por dia. Sempre é melhor que nada, como sublinha. Até porque o valor da reforma não cobre sequer a conta na farmácia.
Não tem pregões porque não gosta de chamar ninguém. ""As pessoas vêm. Os meus fregueses já sabem como sou. Muitos conheceram-me nova". Os turistas também se lhe dirigem, de máquinas fotográficas estendidas. "Tenho retratos por todo o lado: Espanha, Brasil..." Ainda assim, Adelaide sente que este pode ser o seu último Inverno enquanto vendedora de castanhas.
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sábado, 2 de novembro de 2013
NASCER DO DIA
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Gregório de Matos
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
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