terça-feira, 21 de setembro de 2010

Verão


acabou o Verão
antes de terminar o dia
emprestou o calor e a luz festiva
para o Outono começar feliz

acabou o Verão
semeou amigos, decorou as praias
aqueceu marés

acabou o Verão
quente, luminoso, festivo
partiu

quando de novo acordar
pintará sorrisos em todos os rostos
nem nos lembraremos
que a Real estação
esteve a descansar

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado


Final do célebre "Manifesto Anti-Dantas", de José de Almada Negreiros, dito por Mário Viegas

sábado, 11 de setembro de 2010

sem título


nas tuas mãos repouso
nada me faz sentir mais seguro
aqui respiro
aqui te vejo

ganho as forças para crescer
sairei em busca do que quero
com tanta vontade
com a vida toda pela frente

subirei aos céus
perpetuarei os rituais
os gestos
as tuas palavras

porque assim
me ensinaste

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

gato



lá está o passaroco no alto
saboroso
apetitoso e tenro
asas leves e ligeiras
farei tudo para o comer
a fome aperta
ruidosa no estômago
dá sinal

serei invisível
veloz
felino
mortal

sou um gato
afinal

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

sem título


existir
antes
de levantar as asas
momentaneamente

provar o jogo das nuvens
deixar que se transformem em tempestade
cair com as gotas que delas nascem

nascer com a água
passear com a maré
navegar alheio aos ventos
às monções

nada acontece por acaso
tudo acontece por acaso


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Anjos e demónios




onde tudo começou
Rafael descansa
ali do outro lado da história

e as ruas sentiram as passadas desses homens
os artistas mais inspirados
mais arrojados

descansam imortais

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

cúpula



a luz que necessitamos
na cúpula
permanece
estende a sua imensa alegria
ilumina
aquece

assim será
enquanto respirar
assim será
até parar de dançar

e descer da cúpula
de onde nos envelhece

domingo, 5 de setembro de 2010

palavra de pedra



fixa o olhar
a espera nem sempre vale a pena
nem sempre a esperar se alcança

a pedra descobre essa perpétua razão
sabe esperar a pedra
como mais nada
até alcançar

tanta solidão

sempre luz


decidi que o caminho era
não ficar parado

partir na direcção da claridade
não me transformar na sombra que nos persegue

encontrar os outros eus
ajudá-los a partir nessa direcção
nunca sombras
sempre luz

Verdade


passar para o lado de lá

encontrar a passagem
depois a escada
uma subida

chegar à frente dos segredos
fazer-lhes frente
dar de cara com a verdade

passar para o lado de cá

uma descida
depois a escada
encontrar a passagem

passar para o lado de cá
e contar tudo

sábado, 4 de setembro de 2010

sem título


a noite quente
as mãos pequenas e serenas
agarram a protecção
sentem o amigo

os dias passam
as noites
os meses e os anos

as mãos pequenas e serenas
agarram a protecção
sentem o amigo

e a noite quente voltou
para não ser esquecida
para trazer de volta
a protecção do meigo amigo

As portas do inferno


a dor de ter deixado de ser criança
a dor de ter sido vítima
de ter sofrido
de ter calado
de ter perdido toda a inocência
de ter crescido violentado
de ter suportado a mentira
a barbárie
a falsidade
a malícia

ver o Mundo com esses olhos
com essa dor
consentir tanto desprezo

e ainda ter a coragem de resistir
de cavalgar contra este Universo Negro
de lutar e de vencer
o próprio

I N F E R N O

para as vítimas da Casa Pia

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

homo metalicus


o homo metalicus
cabeça de estrela antes de subir
mais do que pode
mais do que deve

rebenta no céu
explode

fica
.

lembrar a casa de serralves


a casa está vazia
sem móveis
vou passear nela
descalço
subir as escadas
adormecer no soalho
ver o lado de lá pelos seus olhos

salvar o Sol


sem nadador salvador à vista
praia fechada
salvar o sol
da queda

o fim
de mais um dia

sem título


Os dias deixam de fazer qualquer sentido
Se neles não deixarmos qualquer coisa de nós
temos de ser capazes de sentir a diferença que existe em cada coisa
na palavra
na frase
no sorriso
nos momentos diferentes
no outro

para que não seja tudo tão igual
ao que sempre foi

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A todos um óptimo início de ano lectivo

Eis que, quando menos se esperava, as férias terminam e regressamos à base.
As rotinas demoram e resistem à reprogramação.
Tudo está lento a encaixar, mas a verdade é que não há tempo para a lentidão pois o trabalho é muito.

Para todos um óptimo ano escolar!

Deixo algumas recordações de mais umas férias em viagem.

















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