quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

14 de JANEIRO 2021 - Décimo quarto dia da terceira década do terceiro milénio

A Distopia Formal de 2021

A Frase do dia chegou pela boca do candidato à Presidência da República, "Tino" de Rãs, que afirmou o seguinte: "Porque é que têm medo da Cultura, porque é que querem calar a Cultura? Se calarem a Cultura, calam a Democracia!"

De repente transformou-se este recém chegado ano de 2021 numa Distopia Formal. A Arte está parada! Parou-se a Arte, parou-se a Democracia, para bem do Confinamento.

Distopia relaciona-se com conteúdos ou enredos que sugerem quebras ou diferenças substanciais em relação à nossa sociedade e às várias realidades que lhe reconhecemos. Isso é particularmente visível nas críticas sociais como A Revolta dos Porcos ou 1984, de George Orwell, ou em obras de ficção científica como Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. A alegoria é utilizada como uma espécie de ferramenta narrativa por estes autores, nestas obras em particular, criando nelas uma espécie de realidade aumentada. Se pensarmos em 1984, do Orwell, o tema é distópico, mas a estrutura do texto, nem por isso. Então, o que é uma Distopia Formal? Seguramente, "este recém chegado ano de 2021"! Querem um texto mais distópico do que este? O Ano Novo introduziu elementos que causam uma grande estranheza, muito para lá de uma miragem dolorosa que nos atirou para além do normativo, para longe, bem longe daquilo a que estamos acostumados. 2021 foi claramente construído obedecendo às regras de um texto Distópico, é uma “Distopia concreta” na sua construção e na Forma como vai acontecendo.

2021 é claramente utópico, eu até o colocaria num outro lugar. A representação do "novo normal" neste Mundo sem respostas trai o potencial das palavras à nascença, logo ali na fronteira onde se começam a questionar. O Ano Novo ainda não se conseguiu definir, mas também não se sabe conter, não se explica nem se entende, vai avançando às cegas pela densa névoa da incerteza, tão jovem e ultrapassa todas as tentativas de entendimento. Pela singela estranha e dimensão dos acontecimentos desta primeira quinzena do ano, 2021 pode ser considerado como um clássico da literatura Distópica. Ainda bem que assim é pois a Humanidade aprecia jovens autores capazes de idealizarem versões exponencialmente opressivas do presente, tal como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, só para citar mais um exemplo. Até à data, 2021 tem sido capaz de se reinventar como uma (mesma) história conhecida, a continuação e o crescimento desmesurado de uma Pandemia à escala Global incapaz de regressar à caixa de Pandora de onde foi retirada.

Viva a Literatura, Viva... PIM!


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