A solução para tudo deveria estar na poesia. Não na fuga, no êxodo de si e da decisão, mas no espaço que ela abre no mundo. A poesia é uma pá de muitas formas: suave, áspera, metálica, com desenhos na ferrugem. Serve para nos levar da confusão à luz. Quem decide o destino dos nossos impostos, da educação dos nossos, da forma que o país que habitamos poderia tomar, no curto prazo, deveria ser escolhido pela via poética. Ou seja, alguém que acreditasse na possibilidade de o Homem se transcender. Alguém que quisesse levar o seu povo mais longe, pela multiplicação da riqueza que cada pessoa carrega...
Em vez disso, vamos, por medo, buscar o seu contrário: os medíocres que nos asseguram que só com passinhos de beata se chega ao céu, os manipuladores que garantem só haver uma forma de fazer as coisas, os mais reles de entre nós, de quem a Beleza e a Bondade se riram, porque não acreditamos que o Melhor possa triunfar. Porque raramente acreditamos no melhor que há em nós. E queremos ver um espelho disso mesmo: o triunfo seguro do mais básico.
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