domingo, 23 de dezembro de 2012

Até ao Fim do Mundo



ATÉ ao FIM DO MUNDO - Natália Correia

        Era pedra e sobre essa pedra
        Ergueu-se o templo do amor atroz.
        Ele de fogo, ela a cordeira
        Toda cordura chamando o algoz.

        Sangram as tubas: Inês é morta!
        Em meigo mito transmuta-a o pranto
        Do ermo amante que erra sozinho
        No seu deserto de diamante.

        Nem ar sangrento buscam seus olhos
        Do corpo amado desfeitas pérolas;
        E como fera coro os ossos
        Da formosura que ao alto o espera

        E em desatino da paixão lusa,
        Perdida a alma que em Inês tinha,
        O fim do mundo ficou esperando
        Aos pés da morta, sua rainha.




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